quarta-feira, 24 de outubro de 2012

ENTRE RAIOS E TROVÕES


As chuvas de verão chegaram. Enfim... foi-se mesmo o tempo das estações bem definidas em que sabíamos o que esperar a cada época do ano. Mas quer coisa melhor do que uma bela chuva no meio do calorão? Fico quase doido com o calor. Não durmo direito, fico derretendo o tempo inteiro e já saio do banho suado. Calor é bom só pra quem pode ficar na praia ou na piscina. Pra nós pobres mortais é dose. Pra colocar terno então é aquela dificuldade. Dá vontade de tomar liquido o dia todo e instalar um ar condicionado em cima da cabeça.
            Enfim... comecei a falar das chuvas e me perdi completamente a destilar meu veneno contra o calorão. Tava escrevendo sobre chuva porque lembrei da minha avó cobrindo os espelhos. Desligando tudo. Acendendo vela benta e incensando a casa com os ramos secos do domingo de ramos.
            Chover era uma ocasião para se parar completamente com a vida. A chuva não só era contemplada como temida. Sendo eu criança odiava a chuva. Ela vinha direto na minha televisão e cortava o barato tirando o aparelho da tomada. Desliga menino, não ta vendo que tá trovejando. Mas eu vou ficar fazendo o que, vó? Ela nem pestanejava – vamos acender a vela benta e rezar um terço. E lá ia eu responder as ave-marias da minha vó.
            Parece que hoje nem com chuva feia a gente para mais. Já não guardo vela e ramo bento na minha casa. A única coisa que para é a porqueira da internet que deixa de funcionar só de escurecer no morro agudo. Não cubro os espelhos e as vezes até me arrisco a tomar banho com temporal, algo definitivamente impensável para minha avó.
            Eta vida besta essa em que a gente não para nem para contemplar a natureza mais. Vamos todos de novo com velas benta e ramos em punho espantar as armações das chuvas traiçoeiras. Desliguem os aparelhos e cessem os banhos. Vamos sentar mais uma vez na sala com a família, rezar e contar histórias de armor...

Nenhum comentário: