Escutei de um amigo o seguinte relato de diálogo com o filho de cinco anos: “Pai, a tia disse que tava com nojo porque estava cheio de preservativos na sarjeta. O que é sarjeta?”. As crianças não são mais como eram, parece que já vem de fábrica com muito mais informações e programas. Até muito pouco tempo era impensável que as crianças tivessem acesso a quantidade de informações que possuem e ainda participassem da vida familiar com tanto poder de decisão.
Alguns pais, diante dessa nova realidade, perdem totalmente a autoridade sobre os filhos e se tornam verdadeiros escravos desses serezinhos cheios de vontade. A gente já escuta falar que bebês com um mês de idade são geniosos e não querem fazer isto ou aquilo, a partir daí, já começam a dominar o arbítrio dos pais. As informações educativas são fartas e até mesmo a Lei, chega para tutelar a relação querendo intervir na boa e velha palmada.
Já nem me lembro há quanto tempo não escuto a música da borboletinha que fazia chocolate para a madrinha ou da pombinha branca que bordava roupa para o casamento. A infância se esvai cada vez mais rápido no ritmo do funk, a infância vai de saia e bicicletinha. E não adianta lastimar e ter nostalgia, são novas gerações que já nascem sabendo operar equipamentos eletrônicos e tem raciocínio digital.
“Professora, eu gosto tanto da senhora, acho que quero me casar com a senhora. Disse o pequeno. Ao que a mestra respondeu: Fique você sabendo que eu não gosto de criança. Tornou a criança: Por mim tudo bem, a gente evita.”
Os pequenos exigem respostas instantâneas. O mundo ficou a um click de distância. Não tem mais Enciclopédia Barsa como garantia de bom estudo e ir a escola não garante que estarão livres das drogas. A infância vai desaparecendo. Ninguém mais tem medo de lobo mau. O prazer não está mais no brincar mas em consumir brinquedos.
Resgatemos juntos a autoridade dos pais, a infância que brinca e sem exacerbação precoce do erotismo. Que para lidar com as novas crianças não acabemos “desinventando” a infância. Afinal, o lobo mau, nem era tão ruim assim...

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