A gente sofre mais se diverte. Esses dias liguei para
uma prima que não podia me atender porque naquele momento iriam anunciar o
vencedor de um “reality show” muito popular. Minha tia mais que depressa foi
justificando “é o gosto da pessoa”. Na hora lembrei-me de uma personagem do
Pedro Bismark que tinha esse bordão. Essa é uma verdade quase filosófica, para
tudo se arruma gosto e quem goste, não importa o que seja. Pode testar. Quando
você encontrar uma roupa bem feia numa loja, repare onde ela está e passe lá
dias depois. Já não vai estar mais, porque tem quem goste, e se na verdade, é o
gosto da pessoa, vai se fazer o que?
É o
gosto da pessoa comer jiló amargo e pimenta ardida. É o gosto da pessoa andar
de gravata e camisa curta ou então vestir-se com roupas listradas dos pés a
cabeça. Andar de carro com som estourando de alto ou então roncando motor,
falar gritando no celular, se meter em conversa alheia, votar em partido de
direita, puxar o saco, ficar fazendo pergunta na hora que a aula está
terminando, não há o que se possa fazer, é tudo o gosto da pessoa. E olha,
quando o gosto sai do íntimo não adianta discutir, não há argumento que
convença.
Se o
sujeito deixa o cabelo crescer e joga de lado para tampar a careca, não se
espante é assim mesmo, ele gosta. Tem gente que gosta de dar palpite em
qualquer assunto, o tempo todo; gosto é gosto. Como bem diz minha avó “o que é
de gosto é regalo da vida”. Mulher que gosta de homem canalha ou homem que
gosta de mulher canalha, se for gosto... regalo da vida e ponto.
Parece
até brincadeira, mas entender e aceitar que as pessoas tem gostos diferentes
dos nossos é uma verdade que pode lhe poupar muitos sofrimentos. Guerras já
foram travadas por não se compreender o gosto alheio. Famílias inteiras
destruídas porque não tinham a sabedoria de minha avó para compreender que o
que é de gosto é regalo da vida. Não tem sentido algum ficar tentando fazer um
masoquista se convencer de que levar chicotada é ruim ou tentar convencer
alguém de cultura diferente que comer barata é nojento.
Ser
tolerante nunca foi uma coisa fácil, mas estou convencido de que é um dos
caminhos para a paz. Até porque nos firmarmos como donos da verdade é o
primeiro passo para o ridículo. Aceite que não da para mudar o mundo todo,
então concentre suas forças para mudar só aquilo que valha a pena, ou que vá
fazer de você uma pessoa melhor. Sim, eu sei que o cara da caminhonete com som
alto sempre vai te incomodar, mas não precisa morrer por isso, é o gosto da
pessoa...

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