Odeio
quando alguém me diz: “posso ser sincera?”. Ninguém nunca é sincero pra falar
coisa boa ou pra trazer uma nova esperança. Essa pergunta é o mesmo que dizer
“se prepara pra levar porrada”. Não quero que seja sincera comigo. Pode mentir
pode me enganar. Eu nunca te pedi sinceridade. Pedi amor.
Abaixo
esse negócio de sinceridade pra destruir os outros “educadamente”. É obvio que
não gosto que falem mal de mim pelas minhas costas, mas gosto menos ainda
quando falam na minha frente. Por que não experimenta de lado? Não quero
sinceridade para dizer que eu estou feio ou que estou gordo. Não quero
sinceridade que me diga que estou equivocado. Essas coisas todas a gente sabe
ou descobre intuitivamente.
Nunca
acreditei de verdade nessa história de preferir uma verdade que faça chorar a
uma mentira que faça sorrir. Que louco em sã consciência prefere isso? Quero as
mentiras todas que me façam sorrir. Da realidade e dos choros eu cuido depois.
Sinceras, quero só as mentiras. Ao contrário do que pode parecer, tenho grandes
e graves dúvidas se as pessoas sinceras querem mesmo o nosso bem.
Ah,
não me dê sinceridade. Dê-me um livro de poesia. Conte-me como a lua fica mais
bonita quando estou por perto. Fale que está me achando mais magro, que a roupa
ficou bem, que eu fico bonito de gravata borboleta ou que lembro um ator de
Hollywood. Guarde a sua sinceridade para os que têm urgência do amanhã. Eu
tenho todo tempo do mundo para descobrir as coisas sozinho. Quero as mentiras
triunfantes, prefiro os contos de fada no lugar das tragédias contemporâneas.
Quero os amores e as sacanagens urbanas.
Não
tenho necessidade de entender. Já amei tantas coisas sem entender. Quero o seu
sorriso mais doce, não a sua sinceridade. Quero a tua boca com batom vermelho.
Quero sonhar, pois pra ficar acordado tenho o resto do dia...

Nenhum comentário:
Postar um comentário